quarta-feira, 12 de novembro de 2014

PARTIDA

Estou indo embora. 
Com tudo o que me resta do tanto que me deu.
Sem bater a porta, sem fazer barulho.
Sem crise, saio só com a roupa do corpo e umas histórias pra contar, quando as lágrimas permitirem.
Tô indo porque desde aquele dia, alguma coisa quebrou aqui dentro. Alguma coisa que sangra, sufoca. Deprime meu peito e meus ideais.
Porque teu amor e meu amor, é tão gigante quanto o nosso egoismo em achar que tudo está certo.
Eu não quero padrões.
Eu quero sentir de novo o início da vida que me prometeu.
Parto, porque cansei de me partir ao meio por ficar acordada te olhando dormir , pensando em te acordar e dizer que estamos errados desde o começo. 
Quero sair, porque não sei onde erramos.
Saio porque aprendi a cair e levantar, mas ainda preciso de espaço e tempo pra esquecer.
Quando a xicara de café não é mais um pretexto pra falar sobre nossos dias,é hora de sair. 
Levo lembranças e tua camiseta mais velha.
Deixo meus restos de batom, minhas meias de dormir,meu cheiro pela casa. Deixo meus livros e uma pedaço de mim. Deixo a bicicleta e o sonho de ter um filho com teus cílios.
Quando acordar, a chave vai estar na mesa junto com teus papeis importantes. 
Nenhum bilhete, nenhuma desculpa.
Saio pela ponta dos pés, de cabeça erguida e coração fora do lugar.
Saio pra não voltar, como sempre fiz.
Saio em busca lá fora, de qualquer bom tom que me falta aqui dentro. Da gente.