segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

QUASE ISSO

O amor não é a convivência. Amor é tudo que sobra para um,  quando o amor do outro vai embora. É a revista de carros que agora fica jogada no canto, sem ser lida, se acumulando semanalmente. É o iogurte que você ainda compra, mas que depois de dias vence, porque ele não toma mais café da manhã nesta mesa. É o telefonema no meio da tarde, perguntando como estão as coisas. São as coisas que não vão bem, mas que ficam bem quando você olha para a cara dele, enquanto ele se barbeia. É quando você sente saudade de ouvir que é linda mesmo quando está descabelada. 
É a cadeira vazia no almoço de domingo com a família. É a lágrima que cai no banho, enquanto você se esforça pra sair de casa. É o cachorro te olhando e querendo saber tanto quanto você, quando é que ele vai dar as caras.É o convite que você não aceita.É o leite quente que você gosta , mas que não sabe mais preparar, porque ele fazia isso por você. É o futebol no estádio, a praia no verão, a ressaca e as risadas.
É o carro sujo e desorganizado que agora não tem ninguém mais pra impedir. É o excesso de refrigerantes e balas que você volta a consumir, porque é o que te sobra como liberdade. É a dor de ouvir mais uma vez a mensagem eletrônica quando disca os unicos números que conseguiu decorar na vida.
É o prato predileto, a cor preferida, o medo de avião. É tudo o que não cabe em um baú, mas que é obrigado a ficar no coração. É a ferida que dói mais hoje, menos amanhã, e ainda mais na semana que vem. É tudo o que te sobrou.É tudo o que você já tinha e deixou perder o brilho.Amor não é a convivência. É quase isso.